04/12/2012

VER E ESCREVER


Se com olhos de um Índio Sioux olhássemos, ficávamos num paradoxal dilema: se amar os cães – animais procedentes da Mãe Terra e do Espírito Divino – ou se, pela ajuda à mortandade de outros seres vivos – as raposas – os devíamos dizimar a eles, antes que tamanho disparate fizessem por capricho, costume ou gáudio de alguns maníacos privilegiados.
Não somos Sioux: olhamos e vemos uma bela matilha de cães de não menos bela raça, mas…
Se com olhos pitagóricos olhássemos, ficávamos noutro estranho dilema: serão estes cães o simulacro corpóreo de almas que estão a fazer a escalada na sua purificação e ascensão para a Luz, num ciclo ascendente de reencarnações rumo à perfeição, ou serão o repositório material de almas que, por “males” fazerem, desceram na escala de Ser e, tal como os ‘Graves’ de Galileu, vão caindo… caindo…
Terá dito Pitágoras ao enfurecido talhante que não batesse no animal (cão) que lhe tinha suprimido a carne, pois no seu ladrar de dor reconhecia a voz de um amigo seu!
Pelo que constatamos, estes cães calados estão! Nem do talho vieram, nem roubaram, nem para lá vão!
Serão almas?
Serão gente?
Gente não são certamente!
E as almas, porque imateriais são, não se vêm neste chão.
Ou estarão todas ‘NAQUELE’ cão?  

Foto: Osvaldo Castanheira
Texto: Maria dos Anjos Fernandes

30/11/2012

ESCRITORES DO MÊS


VITORINO NEMÉSIO
Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva 
Nasce na Praia da Vitória, Ilha Terceira, Açores, 19 de Dezembro de 1901- Morre em Lisboa20 de Fevereiro de 1978.
Foi um poeta, escritor e intelectual de origem açoriana que se destacou como romancista, e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Ensaísta reputado, o seu prestígio na nossa história literária advém lhe sobretudo do romance açoriano Mau Tempo no Canal, 1944história de amor e de sinuosidades familiares e sociais, e dos vários livros de poesia que o consagram como um dos grandes líricos do nosso século (O Verbo e a Morte, 1959,Sapateia Açoriana, Andamento Holandês e Outros Poemas, 1976), que equaciona o sentido da existência humana perante  os diversos conflitos que a centram: o sagrado e o profano, o saber e a ingenuidade, a cultura e a natureza, o amor excessivo e os desapegos da banalidade quotidiana.


Emily Elizabeth Dickinson 
Nasceu em  Amherst10 de dezembro de 1830. Faleceu em 15 de maio de 1886. Foi uma poetisa americana, considerada moderna em vários aspetos da sua obra. Em torno de Emily, construiu-se o mito acerca de sua personalidade solitária. Tanto que a denominavam de a “Grande Reclusa”.
Foi somente em torno do ano de 1858 que Emily deu início a confeção dos «fascicles» (livros manuscritos com suas composições) produzidos e encadernados à mão.
É intensa a sua produção de 1860 até 1870, quando compôs centenas de poemas por ano. Em 1862, envia quatro poemas ao crítico Thomas Higginson que, não compreendendo inteiramente sua poesia, a desaconselha de publicá-los.

Morri pela Beleza
Morri pela Beleza - mas mal me tinha 
Acomodado à Campa 
Quando Alguém que morreu pela Verdade, 
Da Casa do lado - 

Perguntou baixinho "Por que morreste?" 
"Pela Beleza", respondi - 
"E eu - pela Verdade - Ambas são iguais - 
E nós também, somos Irmãos", disse Ele - 

E assim, como parentes próximos, uma Noite - 
Falámos de uma Casa para outra - 
Até que o Musgo nos chegou aos lábios -       
 E cobriu - os nossos nomes                            
 Emily Dickinson, in "Poemas e Cartas"                                         
    Tradução de Nuno Júdice



FRASE DO MÊS


“Quando o Homem sabe reconhecer os limites da própria inteligência está mais perto da perfeição.”
(Goethe)

13/11/2012

ATREVE-TE A LER - Crónica vencedora.


 «ATREVE-TE A LER»  CRÓNICA VENCEDORA

Diário de Anne Frank

‘A genialidade não tem idade’, esta frase poderia servir muito bem para sintetizar a essência da vida e obra de Anne Frank.
Se nos for permitido especular diríamos que, se Anne Frank não tivesse sucumbido à execrável empresa executada pelos bárbaros nazis, Anne Frank teria tido uma vida melancólica, triste profundamente marcada pela memória da juventude, bruscamente interrompida pela vil rudeza da segunda guerra mundial. Com certeza que o “génio literário” de Anne Frank teria tido a felicidade de conhecer a grandiosidade, clareza e o brilho da luz,  quiçá poderia ter sido galardoada com esses prémios destinados aos grandes escritores.
Anne Frank foi uma adolescente igual às outras mas, ao contrário das suas contemporâneas, também tinha os seus sonhos, angústias, paixões, animosidades familiares e conflitos interiores. Não teve a maravilhosa oportunidade de usufruir da sua liberdade. Não lhe foi concedida a chance de levar uma vida despreocupada e ter um ambiente familiar normal e saudável.
Nós, os afortunados, muitas vezes temos a insensatez de nos lamuriar da nossa situação, entregar-nos à pedinchice e queixarmo-nos constantemente da nossa “feliz ignorância” da vida e não hesitamos em expor o nosso “injustificável sofrimento” perante a benesse que nos é gratuitamente dada todos dias. Talvez exemplos como o de Anne Frank nos lembrem que ser-nos-ia melhor agradecer, enaltecer, regozijar até; com todo o manancial de facilidades que temos e ter sempre presente os princípios da responsabilidade, bom senso, e tolerância.
O que foi possível depreender da história de Anne Frank, é que o diário que nos deixou encerra um conto cujo final foi a tragédia. Nunca saberemos como seres pérfidos, ascorosos, vis, antropoformes, foram capazes de materializar o horror ao expoente máximo, a qualidade mais sublime que eles consideram é serem hediondos.
Adriano Delgado, 12º C5, nº 1

Em nome de toda a Equipa de Biblioteca Escolar os nossos parabéns ao vencedor.



11/11/2012

Dia Internacional Eco-Escolas

7 novembro 2012  Dia Internacional Eco-Escolas: Um Dia para Todos

Apresentação do livro "Portugal a Quente e Frio" por Filomena Naves e Teresa Firmino.






















09/11/2012

VER E ESCREVER


Já ninguém mora aqui. Agora só nos resta imaginar e ver através do outro lado do tempo, entrar no passado. E assim, facilmente , vemos um palácio das mil e uma noites, com seus donos e convidados numa festa,  a celebrar o equinócio da primavera. A orquestra, com harpas, címbalos, cítaras e pianolas toca uma balada que celebra as cantigas de amigo. Damas e gentis homens rodopiam no salão, vestidos a preceito, num barroco de folhos, fivelas e cabeleiras. Uns estão compenetrados nos passos de dança, outros servem-se do bailado para que mãos e olhos vão dizendo outras palavras que devem emudecer lábios mas não calar falas de coração. Esta tarefa ou jogo de sedução não quer perder a magia e tornar explícito o encanto do implícito. Aios e pajens fardados a rigor esperam perfilados e ladeando o salão, quase petrificados com tanta beleza pensando se, caso ali estivesse, com quem dançaria a Cinderela. Outras Cinderelas suspiram de alívio: umas porque o minuete acabou e se livram do seu par algo bafiento, de mãos suadas e atrevidas; outras suspiram na tristeza pela rapidez da música agora finda, a meio do encanto com que seu par, garboso fidalgo/mancebo as encantou. São  quase Cinderelas e quase ficam Mouras Encantadas. Gostamos de ver este salão com estes personagens. Ao longe parecem perfeitos hologramas que ali estão para nosso deleite e, a qualquer momento, podem ficar suspensos num hiato temporal para fantasmas futuros serem. Num outro tempo, chegaram o abandono, as intempéries, os vendavais que também passaram por este monte. Reina o silêncio. O céu requisitou nuvens plúmbeas que acautelam as ruínas do palácio que já foi e onde apenas as árvores verdes continuam os ciclos da natureza. Chegam outros olhos para olharem o que restou. Os passos ficam atrás do tempo, só os ouvidos atentos percebem, ao longe, o toque de uma orquestra. Então, de repente, chegam até outros olhos espetros de bailarinos que rodopiam suspensos em si próprios. E, quem olha e vê, conclui que chegou ao presente de um idílico tempo passado, sempre irrepetível e sempre ausente.

Foto de Osvaldo Castanheira
Texto de Maria dos Anjos Fernandes

01/11/2012

ATREVE-TE A LER


ATREVE-TE A LER


ATREVE-TE A LER!


A Obra que a Biblioteca Escolar sugere que leias no mês de NOVEMBRO é:

A QUEDA DUM ANJO


de

CAMILO CASTELO BRANCO

ANd9GcSk1WiKwypL94Z6ZRTLxC05FnitmpbOHM40UQkZ0nI9LHSoLm7lANd9GcSk1WiKwypL94Z6ZRTLxC05FnitmpbOHM40UQkZ0nI9LHSoLm7lEscreve uma Crónica/Apreciação Crítica sobre a tua leitura da Obra. Entrega na BE.
O melhor texto será premiado.
A EQUIPA DA BE (Carlos Cotter, Graça Machaqueiro, Mª dos Anjos Fernandes, Mª Piedade Carvalho)


ESCRITORES DE NOVEMBRO


José Maria Eça de Queirós
José Maria Eça de Queirós nasceu na Póvoa do Varzim em 25 de Novembro de 1845. Curiosamente (e escandalosamente para aquela época), foi registado como filho de José Maria d`Almeida de Teixeira de Queirós e de mãe ilegítima.
O seu nascimento foi fruto de uma relação ilegítima entre D. Carolina Augusta Pereira de Eça e do então delegado da comarca José Maria d`Almeida de Teixeira de Queirós. D. Carolina Augusta fugiu de casa para que a sua criança nascesse afastada do escândalo da ilegitimidade.
O pequeno Eça foi levado para casa de sua madrinha, em Vila do Conde, onde permaneceu até aos quatro anos. Em 1849, os pais do escritor legitimaram a sua situação, contraindo matrimónio. Eça foi então levado para casa dos seus avós paternos, em Aveiro, onde permaneceu até aos dez anos. Só então se juntou aos seus pais, vivendo com eles no Porto, onde efetuou os seus estudos secundários.
Em 1861, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Aqui, juntou-se ao famoso grupo académico da Escola de Coimbra que, em 1865, se insurgiu contra o grupo de escritores de Lisboa, a apelidada Escola do Elogio Mútuo.
Esta revolta dos estudantes de Coimbra é considerada como a semente do realismo em Portugal.




Pedro Salinas y Serrano 
27 de Novembro de 1891, Madrid - 04 de dezembro de 1951, Boston ) foi um poeta espanhol e membro da Geração de 27. Ele também era um estudioso e crítico da literatura espanhola , Tendo ensinado em universidades da Espanha, Inglaterra e Estados Unidos.
Pedro Salinas é considerado um dos principais poetas do movimento literário espanhol, a Geração de 27, que inclui Federico Garcia Lorca, Rafael Alberti, Luis Cernuda, Emilio Prados, Vicente Aleixandre e outros.
O seu pai morreu quando ele era criança. Quando jovem em Madrid, Salinas desenvolveu grande interesse em vários temas, incluindo o direito, filosofia e escrita.
Lecionou na Sorbonne (Paris) 1914-1917. Lá, desenvolveu uma paixão pela obra de  Marcel Proust, traduzindo os dois primeiros volumes e parte do terceiro, “Em Busca do Tempo Perdido”, em espanhol.


FRASE DO MÊS

novembro
A verdade é tão obscura nestes tempos, e a falsidade assim estabelecida, que, a menos que nós amemos a verdade, não a poderemos saber.