21/03/2013

Dia Mundial da Poesia


O portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro

Ruy Belo

08/03/2013

DIA INTERNACIONAL DA MULHER


Para todos os entes e existentes, femininos, porque o são e se não
fossem, ninguém era...;

Para os masculinos, para saberem que são e existem por nós, para nós!

Que se lembrem efemérides de Carinho, Respeito e Amor.

A Equipa da BE.






VER e ESCREVER


Não é em qualquer tempo nem em qualquer parte que poderemos olhar e ver quem ainda é, mas talvez nunca seja, e vê-lo a ‘Ele’, de costas, que já não é, mas sempre há de ser.
Há também os outros, que o guardam, que também foram e voltaram, ou não foram mais do que ‘vultos históricos’ e de pouco alto nos olham ou são olhados.
E depois, parece que parte do mundo saiu à rua ou Largo, para ali estar, ver e olhar. Acima de tudo para receber o azul deste céu- Espaço invejado de qualquer S. Kubrick, se vivo fosse, para outra Odisseia nos contar. A estória vai acontecer num tempo de futuro muito longínquo, tudo está petrificado, mas tudo se move, numa cadência de câmara lenta, em que nada existe, mas tudo está lá.
A culpa é do céu azul que caprichou e não muda de cor. Plúmbeo, amarelo, roxo, rosáceo, de nada valeu aos homens pedra tentarem! A abóbada emitiu um édito galático para nada se mover, para nada ser. Só as memórias de uma viagem salvas e ainda fossilizadas voam de vez em quando, em forma de livro ou folhas soltas, por aquele espaço. Nem os homens pedra, nem as pedras homens as vêm.
Única exceção: numa daquelas pedras-casas está um homem, ainda de carne e osso, que regressa ao passado, faz dele presente e escreve! Heresia… em verso e prosa, nova saga de Bloom, tornado assassino lusitano e Lusíada, que se (des) aventura por terras nunca tão bem contadas, rumo à Índia, que ainda lá está!
G.M.Tavares – não o vemos – espreita de uma janela e, nos intervalos da mirabolante escrita, vai perfilar-se do outro lado do pedestal, para olhar nos olhos ‘Aquele’ que de costas vemos.

Foto: Osvaldo Castanheira
Texto: Maria dos Anjos Fernandes